3 de dez. de 2009

E...

Ele estava recostado na sua cama.Costas contra a parede.Sua cabeça balançava freneticamente,como um pombo com fast forward.Os fones de seu Ipod berravam em seus ouvidos,lembrando-o de,que se não estva ainda não era surdo,estava no caminho certo.Ele deu de ombros e virou a página da Playboy,já velha e um pouco colada,com suas mãos engorduradas de misto quente e de fluidos corporais impublicaveis.

Como era bom estar sozinho em casa.Seus pais o abandonaram enquanto viajavam."Amadores",ele pensou."Regra número um:Nunca fale sobre o Clube da Luta.Regra número dois:Nunca confie num adolescente".E deu uma gargalhada solitária para o ar."Não se deixa um adolescente sozinho em casa",continuou em suas reflexões de baixo teor filosófico.Ele tinha uma prova de matemática no dia seguinte,mais não podia se incomodar menos.

"Foda-se",disse para si mesmo quando seus pais pediram que se comportasse,estudasse e que era um voto de confiança."Se eles me conhecessem mesmo,não confiariam em mim".

Com uma certa parcela de verdade,diga-se de passagem.Afinal,ele era um garoto problema.Esta era sua sexta escola em quatro anos.Cinco profesoras,dois diretores e uma coordenadara desistiram de dar aula por sua causa.Isso sem contar as duas psicólogas que foram internadas por insanidade mental.Ele era O garoto problema.

"Foda-se",repetiu o (projeto de) escritor em outro parágrafo,mostrando clara falta de criatividade.

O garoto deu de ombros."Cada personagem fictício tem o criador que merece",pensou ele.

Sim, ele sabia que era apenas um personagem,criado por um escritor,apenas para que o mesmo ficasse satisfeito.Sabia que poderia e seria descartado a qualquer momento.

Talvez esta fosse a razão de seu inconformismo.Talvez o garoto problema veja mais longe do que nós vemos.Talvez seu comportamento fosse apenas uma revolta contra seu criador.Uma mostra de seu inconformismo diante da sociedade estática em que ele fora defenestrado.

Ou talvez fosse apenas fruto de um louco.