19 de set. de 2012

Vejam só. Está chegando aquela época do ano em que o Potemkin faz aniversário. E, afim de mantermos nossa nobre tradição, eis aqui mais um post comemorando a data.


TCHAN
Com a já tradicional stripper do Potemkin. Afinal, tradições estão aí e deveriam servir para outros propósitos que não sejam relacionados a famílias, presentes e experiências traumáticas relacionadas a empadões de frango.

Como, felizmente, nenhum empadão de frango jamais foi mencionado neste blog, creio que seria um momento adequado para retornarmos ao propósito deste post: nenhum, como de praxe.

O que me lembra que, dia desses, surfando pelas estatísticas do Blogger, descobri que tive mais de 100 visitas em julho de 2009. O que acredito que revela muita coisa sobre a capacidade do Blogger de gerar estatísticas confiáveis.

Mas eu fiquei pensando: e se o Potemkin tiver sido criado em julho de 2009 e eu não fiquei sabendo?

Aliás, seria bem condizente com o espírito errante deste blog, durante três anos seu aniversário na data errada. O que me deu uma idéia: comemorar o aniversário do Potemkin em datas diferentes todos os anos. Me aguardem.

O mais estranho de chegar aos 3 anos com o blog é a sensação de velhice, mais intensa do que deveria ser. 3 anos em anos de blog devem equivaler a uns 120 anos de humanos. Só isso explica a altíssima taxa de mortandade entre blogs contemporâneos ao meu.

Muitos blogs bons - inclusive alguns que me serviram de inspiração no começo - estão abandonados ao relento. A sensação que dá é a de que eu sou uma espécie de último dos moicanos, só que como blogueiro, o que é bem menos legal.

E continuarei envelhecendo, aos trancos e barrancos, até o dia que o Potemkin perder a graça.

O que, na conta da maioria dos especialistas, não acontecerá nunca uma vez que, para que se perca algo, é necessário antes tê-lo.

Traduzindo brevemente: os senhores terão que me aturar eternamente.

Até o próximo aniversário na semana que vem.

Digo, no ano que vem.

16 de set. de 2012

Durante um período da minha infância eu tive medo de ser abandonado pelos meus pais.

Isso não tem nada a ver com eles. Eles são pessoas muito boas para falar a verdade.

É só que uma vez a gente foi num orfanato, para levar uns brinquedos, roupas, comida e, evidentemente, brincar com as outras crianças.

Na época, eu devia ter uns cinco ou seis anos.

E havia um rapaz, cuja idade eu desconheço, mas certamente parecia mais velho que eu.

Devia ter uns oito anos. Mas poderia ter o dobro.

Na hora de ir embora, eu disse tchau. Ele disse até a próxima. E se não houver próxima vez? Vai ter sim. Sempre tem. Todo mundo acaba aqui. Uma hora seus pais morrem ou te deixam aqui.

Essas palavras tinham o peso do mundo na minha cabeça.

Ele era muito mais cético do que uma criança tem o direito de ser.

Muitas memórias dessa época já não me pertencem mais. Ou perambulam pelo meu subconsciente longe do meu alcance.

Mas eu não vou, jamais, conseguir esquecer a desesperança nos olhos desse rapaz.

Não sei o que foi feito dele.

Acredito que nunca saberei.

Mas é provável que já esteja morto e enterrado.

Presumivelmente, longe de seus pais.