29 de jun. de 2012

Crônica de uma suspensão anunciada

Conforme já havia sido anunciado ontem pelo Patritota, a Mercosul suspendeu o Paraguai, sem a imposição de sanções, numa ação perfeita dos países sul-americanos.

Tem razão os que afirmam que a política é um assunto interno paraguaio. Mas, a partir do momento passa a interferir em outros países, é legítimo que haja retaliação.

Não é novidade para ninguém que a democracia na América Latina não é exatamente uma tradição. E, num continente com tão combalidas instituições, qualquer ameaça deve ser prontamente cortada.

Houve sim um golpe no Paraguai. Um golpe disfarçado de legitimidade, mas houve. Não existe julgamento de impeachment em menos de 24 horas. Lugo nem pode se defender. Além do mais, basta apenas lembrarmos que o Partido Colorado, mentor da cassação, governou por cerca de 50 anos antes que Lugo fosse eleito.

Admitir qualquer violação à democracia seria um retrocesso. E abriria um perigoso precedente para novas ações e, quem sabe, até outros golpes de fato e a implementação de novas ditaduras.

Não sancionar o Paraguai foi uma decisão muito sábia, afinal, uma decisão política deve ser resolvida no âmbito político. Além disso, o Paraguai não precisa de nenhum "incentivo" para que sua economia piore.

Em tempo, deixar a Venezuela entrar foi politicamente genial - embora eu acredite que esta questão ainda merecesse maiores exames. Por um lado, foi uma espécie de sanção ao Paraguai, afinal, apenas eles eram contra a entrada dos bolivarianos no bloco. Além disso, foi uma maneira de mostrar ao resto do mundo, e em especial aos EUA, que a América Latina tem um pensamento independente.


E, de quebra, o Mercosul se fortalece com o poder do petróleo.