8 de set. de 2012

Preparem suas toalhas, eles vem aí

Eu tenho certeza que existe vida fora deste planeta.

Na falta de uma introdução melhor, a verdade nua e crua jogada como uma bomba deveria servir. Agora que já tenho sua atenção, posso desenvolver melhor o tema proposto. Que, por acaso, foi jogado no parágrafo acima, num lapso de coerência raramente observado neste blog.

Embora eu não fique olhando para o céu a noite procurando discos voadores, nem jamais tenha encontrado homens azuis andando por aí, eu sei que eles existem. E essa coisa toda é muito mais lógica do que parece.

Existem pelo menos 170 bilhões de galáxias no Universo. Elas variam, no número de estrelas, entre 10 milhões e 100 trilhões. E, em torno das estrelas, costumam agrupar-se planetas. Só o nosso Sistema Solar tem oito. Sem contar Plutão, que ainda passa por uma briga judicial para reaver sua antiga condição.
One galaxy to rule them all
Eu não fiz a conta por medo do número que poderia surgir ao termina-la, mas podemos perceber que é enorme. É muita inocência acreditar que só aqui existiria vida. Ainda mais se considerarmos que nem todas as formas de vida tem que se basear, obrigatoriamente, em carbono. Aqui mesmo na Terra encontraram, dia desses, uma bactéria com enxofre em seu DNA.

A grande pergunta que eu me faço é onde eles estão. Acho que pelo tempo que o nosso planeta tem de existência, era de se esperar que pelo menos algum ser já tivesse passado aqui para destruir e conquistar. Digo, fazer uma visitinha.

Daí surgem algumas possibilidades. Número um: eles são muito inteligentes e acharam que bom, já que a gente não tem nada o que fazer naquele planetinha azul, talvez nós devessemos destruir e conquistar o vermelho ali do lado, o que explicaria muita coisa, inclusive o porque de Marte ser vermelho. Poderíamos pensar justamente que eles ainda não desenvolveram tecnologia o suficiente para viagens tão longas e que, talvez, as civilizações sigam um padrão Universo afora de crescimento tecnológico, esgotamento e extinção. A má notícia, para nós, é que estamos chegando cada vez mais perto do último ciclo.

Mas a que mais me agrada, e que me parece mais provável de já ter acontecido, é eles já terem vindo aqui, conquistado, destruído e, com medo de uma vingança, mataram as formas de vida mais avançadas, deixando apenas os mais ineptos. O que explica muita coisa acerca da condição humana.

Talvez não tenha sido um meteoro que tenha destruído os dinossauros, mas sim um bando de aliens com medo, sei lá, de que os tiranossauros evoluíssem e conseguissem um par de braços decentes.

7 de set. de 2012

Pode ser

Há 190 anos atrás nascia meu improvável país.

Improvável já em seu estágio embrionário. Reza a lenda que só fomos encontrados graças a um desvio acidental de percurso. Mesmo que a historiografia moderna refute nosso mito original com fatos, eu peço licença aos historiadores para rejeitar suas descobertas.

Conforme prosseguíamos, os acidentes continuavam aí. Nos empurrando para cima e para baixo, para o interior, para além do Tratado de Tordesilhas.

Até que de um enorme acidente culminou nossa independência. Uma guerra em outro continente fez com que a colônia virasse reino, depois colônia de novo. Finalmente, veio o mais famoso brado da História e, com ele, éramos um Império.

Improvavelmente, continuamos unidos. Apesar de todos os movimentos separatistas, que tiveram longa duração. Aliás, sentimentos separatistas subsistem até hoje. Mas nós continuamos aqui, firmes e fortes.

A Abolição e a República foram dois acidentes friamente calculados. E com o advento das teorias eugenistas, a Europa, e parte da nossa elite, gritavam aos quatro ventos que um país com tantos negros, índios e brancos vivendo juntos resultaria na degradação das três raças. Não naufragamos ainda, mas a verdade é que só agora estamos começando a esquecer os preconceitos, mesmo que durante anos nós tenhamos acreditado que éramos especiais e, de alguma forma, imunes ao racismo.

Aliás, hoje nossa nação vive um momento muito interessante de transição. Cada vez mais o improviso saí de cena e o planejamento começa a surgir, num movimento que, ironicamente, não foi programado por ninguém.

Se dará certo ou não, ninguém pode dizer. Mas é melhor não duvidar.

6 de set. de 2012

Outro debate

Hoje eu tive a oportunidade de assistir três candidatos debatendo ao vivo. Deveriam ser quatro, mas o Rodrigo Maia aparentemente teve uma crise de bom senso e decidiu que a PUC não seria o melhor lugar para ele estar num debate. O prefeito Eduardo Paes também deve ter sido contaminado, uma vez que decidiu não aparecer, estragando aquela que deveria ter se tornado a maior vaia de todos os tempos, seguida daquela que provavelmente seria a maior cara de bunda acompanhada de sorrisinho amarelo jamais feita na História. Alguém deveria fazer alguma coisa antes que o bom senso se torne epidêmico.

Enfim, decidi deixar aqui a minha impressão sobre os três presentes.

Aspásia: Estaria melhor concorrendo a avó. Sinceramente não consigo entender o que ela está fazendo nessa eleição. Só fala sobre sustentabilidade e meio ambiente e nem isso ela sabe. Hoje passou vergonha ao mostrar que não sabe como a guarda municipal funciona.

Freixo: As melhores propostas e a fala mais consistente. Fiquei impressionado com o carisma dele. Mesmo estando visivelmente cansado, aparentando as vezes estar alheio ao debate, respondeu com clareza e objetividade a todas as perguntas, ou seja, foi o extremo oposto dos seus concorrentes.

Otávio Leite: Estava completamente perdido, mas deixou transparecer um pouco de competência. Discordo dele em vários aspectos, principalmente ao propor uma maior participação da iniciativa privada no governo, o que já era esperado por sinal. Só chamou a atenção ao ser vaiado pela platéia, mas ainda assim foi uma surpresa muito positiva. É bom saber que existem candidatos viáveis além do Freixo.

5 de set. de 2012

No meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra
no meio do caminho

Eu tropecei

Lógico

4 de set. de 2012

3 de set. de 2012

Num piscar de olhos

Eu queria saber como os atletas paralímpicos brasileiros conseguem medalhas. Aliás, como eles conseguem sequer os índices para serem aceitos na competição. Afinal, já é do conhecimento de todos que o esporte no Brasil, exceção feita ao futebol, é algo relegado a segundo plano em nosso país. E como se o descaso não fosse o suficiente, eles ainda tem que encarar, digamos, obstáculos extras. Pernas, por exemplo.


Conheça Alan Fonteles. O que ele fez para merecer uma imagem gigante no meio desse post? Ganhou uma medalha. De ouro. Nos 200 metros rasos. Competindo contra Oscar Pistorius. Sim, a lenda. O Bolt das Paralimpíadas. O primeiro paralímpico a competir em uma Olimpíada. Atropelado pelo rapaz que corria com próteses de madeira na infância. 

Quando eu digo atropelado, não é uma forma de me expressar. Tal qual um BRT humano, Fonteles imprimiu uma aceleração sobrenatural e passou com facilidade por Pistorius e mais uns dois ou três competidores no seu caminho para uma incontestável vitória. 

Mas o que mais me chamou a atenção foi a cena que seguinte. Após cruzar a linha de chegada, o novo campeão renunciou as dancinhas de praxe e foi comprimentar, um por um, seus concorrentes. Inclusive Pistorius, ganhador da medalha de prata, que havia posto em questão a capacidade do atleta brasileiro.

Ato que mostra a elegância e sobretudo a humildade de um homem que trabalhou duro para chegar ao topo e que, não somente reconhece o valor de seu esforço, como também reconhece o esforço dos que foram derrotados.

A ele, todos os elogios serão poucos. Alan hoje é uma lenda, mesmo que rejeite este rótulo. É um grande exemplo de superação, de garra e de tantos outros adjetivos que, de tão escassos, já viraram lugar comum. 

Alan é um campeão nato. E merece todas as congratulações possíveis

2 de set. de 2012

O homem por trás do bigode

Estava aqui pensando. Se eu tivesse uma chance de perguntar uma coisa (não sei como, talvez por intervenção mediúnica ou viagem temporal) a Salvador Dalí eu provavelmente perguntaria como ele faz para manter o bigode dele daquele jeito.

Ok ok, eu admito que não é a pergunta mais inteligente do mundo, muito menos a prioridade da maioria das pessoas. Aliás, imagino que a imensa maioria das pessoas que lêem meus textos perguntariam algo relacionado às suas pinturas. Afinal, parece ser um desperdício chamar um médium (e um intérprete, caso você não fale espanhol) para perguntar sobre algo aparentemente tão imbecil quanto um bigode. 

Mas Salvador Dalí tinha cara de quem gostava de discutir bigodes.

Apenas ser um gênio não é o suficiente

Aliás, não duvido nada que ele tivesse um orgulho maior de seu bigode do que de seus quadros. O bigode de Salvador Dalí é a sua mais genuína expressão de surrealismo. E estampada bem na sua cara.

Afinal, um bigode nada mais é do que a materialização facial do caráter de um homem. A gente vê na cara do Sarney, por exemplo, que ele é um Sarney. E isso é ótimo. Não o fato dele ser um Sarney, não desejo isso para ninguém (três discretas batidas na madeira). Mas sim o fato de a gente, de longe, saber com o que está lidando. Como aquelas rãs venenosas amazônicas com cores brilhantes, justamente para lembrar ao mundo do seu veneno. Ou uma cobra coral. Exceto que as cobras corais não desviam dinheiro público. E não existe antídoto para mordida de Sarney.

Enfim, acho que estamos desvirtuando demais o texto. Esqueçamos, até o próximo escândalo, o bigode do Sarney. Digo próximo escândalo porque, invariavelmente, o bigode mais famoso do Brasil vai estar envolvido nele.

Eu poderia passar horas e horas aqui discorrendo sobre como é impossível governar sem o Sarney e o PMDB hoje em dia, sobre como as casas de apostas não aceitam mais que se aposte nele para "envolvido com corrupção" ou sobre como o tempo anda meio louco ultimamente né? Tava um sol outro dia e hoje essa chuva mas não nesse post! Porque esse post foi feito com um propósito maior! Um propósito digno! Algo que engrandecesse a humanidade. Este post foi feito para elogiar o bigode de Salvador Dalí!

O homem que, antes de ser um pintor genial, foi um ás do marketing. 

Dalí liderou uma escola que virou de cabeça para baixo a História da Arte. Pintou quadros brilhantes, com tigres voadores, relógios derretendo e todo tipo de situações insólitas. Conseguiu a honra suprema de ter um gênero de bigode batizado em sua homenagem. Mas, ainda que fosse um pintor medíocre, ainda hoje alguém teria ouvido falar dele, pois ele soube se auto-promover como ninguém. 

Tudo nele deixava transparecer sua excentricidade. Dalí foi um monumento ao Surrealismo. Não que surrealistas gostem de monumentos, de qualquer maneira.

Ao final de meu pequeno monólogo, Dalí provavelmente me diria: "Perdon, joven, no hablo su lengua"e desaparecido numa nuvem de vapor.

Mas quem liga? Eu falei com Salvador Dalí.