20 de jan. de 2011

#chegadebabaquice

O Twitter tem dessas coisas não?  De vez em quando as pessoas acham que podem mudar o mundo com uma tag. E volta e meia temos um #forasarney ou #nomalaria. O mais recente é o #naoaoaumentodosdeputados.

Aparentemente as pessoas acreditam que o simples fato de você digitar a tag está ajudando a mudar o mundo. Na verdade, isso ajuda tanto quanto coçar as costas: nada, mas dá uma sensação boa.

E dá uma sensação boa por alguns bons motivos: em primeiro lugar, você realmente acredita que está fazendo alguma coisa, o que é muito bom. Depois, todo mundo acha que você está fazendo alguma coisa e as pessoas adoram aparecer. E finalmente, se sentir parte de um grupo em que todos partilham dos mesmos ideiais e creem firmemente em uma revolução é algo que não tem preço.

Tomemos o exemplo do #naoaoaumentodosdeputados: a operação foi tão mal planejada que só entrou em vigor após a votação dos salários, ou seja, quando ainda não resta mais nada a ser feito. Isso não funcionaria mesmo que o Twitter inteiro fosse protestar em Brasília antes da votação, funcionará muito menos agora que já passou. Mas mesmo assim todos participam felizes e contentes e se sentindo parte de algum tipo de motim.

A única maneira realmente efetiva de se mudar o Congresso é entrando lá armado. Como eu acredito que isso não vá acontecer em um futuro próximo (e futuro nenhum espero) é preciso agir de maneira eficaz para evitar pelo menos um maior estrago.

Isso se dá através da informação e do voto. O protesto chama a atenção, mas é pouco eficaz. A melhor solução é termos uma população que se informe sobre escândalos e projetos e dê o troco aonde dói mais: no bolso, votando contra.

Enquanto não tivermos isso, não vai ter Twitter que dê jeito.

Twister

É gente, depois das enxurradas deu tornado em Nova Iguaçu. E parece que já vai longe o tempo em que Herbert Vianna podia cantar impunemente que nosso país tropical era abençoado por Deus (e bonito por natureza, mas que beleza!). Pelo menos ainda tem carnaval.

Mas acalmem-se. O tornado em Nova Iguaçu não é um sinal do Apocalipse. Significa apenas que um um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar giratória, violenta e potencialmente perigosa, estando em contato tanto com a superficie da Terra como com uma nuvem cumulonimbus ou, excepcionalmente, com a base de uma nuvem cumulus ocorreu em Nova Iguaçu.

Agora, o fato que um fenômeno meteorológico que se manifesta como uma coluna de ar giratória, violenta e potencialmente perigosa, estando em contato tanto com a superficie da Terra como com uma nuvem cumulonimbus ou, excepcionalmente, com a base de uma nuvem cumulus ocorreu em Nova Iguaçu é um sinal terrível do Apocalipse e todo tem que correr para o Barra Shopping rápido (as montanhas estão cheias) porque 2012 vem aí e todos estamos todos entregues ao carnaval zumbi!!

Agora vamos (tentar) falar sério: O tornado em Nova Iguaçu não significa que estamos todos ferrados. Em uma primeira análise, só quem mora em Nova Iguaçu que está ferrado. Ok, mais ferrado. Agora, caro leitor que mora em Nova Iguaçu, parabéns pela sua serenidade, no seu lugar eu estaria chorando desesperado. O único conselho que posso te dar é: comece a rezar.

Falando a verdade agora: ao contrário do que vários profetas apocaliptícos, videntes, astrólogos e climatologistas podem dizer, ainda é muito cedo para se discutir qualquer coisa, principalmente se baseando em uma ocorrência. Pode ter sido algo isolado, algum tipo de coincidência bizarra ou um tornado perfeitamente normal.

De qualquer maneira, o tornado em definitivo não significa  Apocalipse, caos total e fim do mundo.

Ok, caos talvez, mas não total.

19 de jan. de 2011

Governo anuncia novo projeto social

Inspirada nos diversos avanços sociais promovidos por seu mentor, o ex-presidente Lula, a presidente da república Dilma Roussef anunciou ontem a criação de um novo projeto social visando a inclusão dos mais necessitados: o Bolsa ex-bbb.

O projeto visa atingir um grupo terrivelmente marginalizado: os ex-bbb's. Produto de uma sociedade consumista cada vez mais voraz, são poucos os que conseguem sobreviver ao duro mundo pós-casa. O projeto visa auxílio psicológico e financeiro para este grupo tão numeroso e desprotegido.

A idéia surgiu após verificarem o estado de abandono em que se encontravam os mesmos após o programa, conta Zélia Rodrigues, diretora da ONG Viva Ex-bbb: "Eles chegam aqui devastados, sem rumo, deprimidos. Eram pessoas marginalizadas. Era dificilimo tratar de uma reabilitação, mas nós esperamos que agora, com a ajuda do governo, tudo fique mais fácil".

O programa consiste em uma ajuda financeira no valor de R$ 10.000,00 mensais, residência em área nobre da grande capital à escolha, auxílio moradia, auxílio telefone, auxílio psicólogo e auxílio pensão alimentícia (para os que precisarem). Fala-se também em uma entrevista mensal em programas de tv aberta e especula-se que o Governo esteja negociando com o Superpop.

Sobre o assunto, falou ontem a presidente: "Não pergunte o que um ex-bbb pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer por um ex-bbb".

17 de jan. de 2011

Nevasca

-Eu não acredito em neve.

 A noticia foi recebida com ceticismo à mesa. Por um momento, todos deixaram de lado seus pratos para digerir a estranha sentença. Não é o tipo de noticia bombástica que se espera à mesa de jantar. Talvez no almoço. Mas definitivamente não é noticia para a mesa de jantar.

Ele nunca fora exatamente um tipo crédulo. Na verdade, era meio que o oposto. Totalmente o oposto. Ele parecia ter uma espécie de alergia a acreditar. Nunca acreditara em Papai Noel, por exemplo. Ou que a Lua era feita de queijo. Ou em Barbra Streisand. Mas neve era demais.

-Porque? Perguntou o pai como quem pergunta: Aonde foi que errei?

-Você já viu neve? Eu nunca vi. Só ouço falar nessa tal de "neve". Eu nunca vi, não existe.

-Também nunca vi seu cérebro...

-Mas é diferente. A ciência pode comprovar a existência do meu cérebro.

O pai não disse nada, apenas levou a mão à testa e suspirou. Ele olhou para a sua faca, à mão. Mas achou melhor buscar uma foto no albúm da lua de mel.

-Está vendo aqui está coisa branca no chão filho? É a neve.

-Mentira. É Photoshop.

-Naquela época não tinha computador ainda.

-Então é algodão!

-Escuta aqui! Existem milhões de lugar com neve! Será que é tão difícil assim para você aceitar isso?!

-É exatamente isso que eles querem que você pense! Será que vocês não entendem? Ele assumiu o tom solene dos grandes oradores e subiu em cima da mesa de jantar. A neve é apenas ficção. Ela não existe de verdade, mas sim em nossas mentes. Ela existe na cabeça de cada um de nós porque todos fomos educados para isso. A "neve" é só uma lavagem cerebral. É uma maneira dos países "desenvolvidos" nos humilharem e se colocarem em um patamar acima. Isso tá tão na cara. Só vocês mesmo pra acreditar na neve.

O pai se levantou calmamente, deixou a faca de lado sem muita convicção e foi tomar uma ducha.

O filho foi as ruas espalhar a revolução e nunca mais foi visto. Especula-se que ele esteja em busca de um sentido para a sua vida .Ou da Barbra Streisand. O que vier primeiro. Mas ninguém sabe afirmar com certeza.
E os que sabiam também estão desaparecidos. Ou mortos.

16 de jan. de 2011

La mer



O mar. O mar. A mar.

La mer. É assim que os franceses chamam o mar. A mar. no feminino. Não o mar. A mar.

E na verdade, é assim que deve ser. O mar, digo, A mar, é feminino. A mar é uma mulher em todos os aspectos.

Homens são brutos e rudes. Não é assim que é A mar. A mar é elegante, grandiosa, majestosa. A mar é gentil. Mas pode mudar de humor rapidamente e aí não há quem a pare. A mar arrasta tudo e todos em sua fúria.

Esqueça as baleias azuis e os dinossauros. O maior ser vivo de todos é A mar. A mar se extende ao infinito. A mar respira. A mar está viva através do movimento das ondas, as vezes suave, como quem acaricia as regiões costeiras. Outras vezes, a mesma mão que acariciava espanca violentamente. A mar é um substantivo feminino ao infinito.

Não há na terra ser vivo que se compare em beleza à vastidão infinita d'A mar. É impossível contempla-lá sem ser invadido por um sentimento de tranquilidade e segurança. Mas mesmo assim, A mar é temperamental e vingativa.

A mar é o substantivo feminino por excelência.

Os franceses é quem sabem das coisas.