2 de nov. de 2012

Fecharam pesadamente a antiga porta de madeira  e acenderam a luz.

- Não deveríamos ter trocado os archotes, reclama um dos presentes, eles davam um toque mais tenebroso às nossas reuniões.

- Mas você tem que admitir que eles não combinam com a nova decoração.

De fato, não combinavam. O local mais parecia saído de um filme B de ficção científica ouda mente doentia de um cientista solitário. Talvez, quem sabe, não por coincidência.

- E você com certeza sabe quanto nós gastamos com essa decoração para ficar recolocando archotes.

- Os interruptores são mais clean também, disse outro encapuzado.

Perdoem a indelicadeza. O local é uma torre no alto de um castelo medieval no meio dos Alpes Suíços. Os encapuzados são eles.

- Senhores, cessem de discutir os archotes por favor. Vamos ao que interessa: dominação mundial.

- Estive pensando: e se nós criássemos uma tempestade que passasse pelos EUA e por Cuba e fizéssemos a mídia mundial falar apenas do primeiro para fazer com que o resto se revoltasse contra nós, seria tão engraçado! Acho tão bonitnho ver eles achando que podem fazer alguma coisa.

- Eu acho que o mundo anda meio paradão. A gente podia mandar o Vladimir falar duro com o Barack para ver se rola alguma coisa.

- Falando nele, quem a gente quer que ganhe as eleições nos EUA?

- Que diferença faz? Quem vai mandar no mundo somos nós.

- Acho que a gente podia fazer archotes voltarem a moda e reinstala-los aqui.

- Qual é a da sua tara com archotes?

- Senhores, vamos discutir assuntos mais sérios, que não sejam archotes! gritou o encapuzado sentado a cabeceira da mesa redonda.

- Cuidado! Não aqui!

Todos os olhares se voltaram para aquele encapuzado em particular.

- Eles podem estar nos ouvindo.

- Eles quem?

- Não não não. Não eles, eles, em itálico, saca?

- Tá, mas quem são "eles"?

- Como você não sabe? Eles são eles: um conceito abstrato de minoria que supostamente comanda o mundo com ajuda alienígena.

- Você quis dizer: nós?

Risadas ecoam pelo salão

- E que maluquice é essa de alienígenas? Todo mundo sabe que eles estão do nosso lado.

Mais risadas.

- Wobzz kyu quang ploc disse o marciano.

- Bem lembrado, Bob! disse o encapuzado gordo e bigodudo.

Risadas, disse o salão.

- Ordem senhores!

- Não aqui! Vamos nos mudar para aquela torre escura no alto do Himalaia! Melhor, para a gruta secreta no... espera! não posso revelar sua localização, mas lá com certeza as escutas retro-parabólicas com certeza não nos alcançarão e

- Já sei! Hoje é primeiro de Abril!

- Calma! Vocês mudaram o calendário de novo sem me avisar? Nem um recado no Face? Porra Mark!

- Não falamos nomes, lembra! disse um encapuzado.

- Eu estou falando sério! Eles estão em todo lugar.

Nesse momento o caos se instaura.

Um dos encapuzados subiu em cima da mesa, e rasgava suas túnicas enquanto berrava ARCHOTES, ARCHOTES!!

Rapidamente outros encapuzados engalfinhavam-se pelo chão da sala secreta na torre escura nos Alpes Suíços.

Mobílias eram quebradas enquanto dois senhores visivelmente embriagados discutiam em voz alta com Bob e um inexplicável elefante surgia pelo canto da sala tocando uma tuba.

- PAREM COM ESSA PALHAÇADA!!! gritou o encapuzado sentado a cabeceira da mesa redonda ESTA REUNIÃO ESTÁ CANCELADA!!! E ALGUÉM TIRA ESSE ELEFANTE DAQUI!!!


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O último dos convivas já acabara de ser retirado a força, chorando, enquanto balbuciava algo ligeiramente parecido com "Eu só queria um par de archotes! É pedir demais? O que um homem tem que fazer para conseguir seus archotes? ONDE ESTÃO MEUS DIREITOS?!" antes de ser carinhosamente nocauteado pelo segurança.

O encapuzado outrora sentado a cabeceira levanta-se com ar desconsolado ante o fracasso da reunião. Mobílias reviradas, telas quebradas, talvez os archotes fossem mesmo uma boa...

Ele pega rapidamente seu transmissor megalofônico, digita alguns números e diz, com uma voz sombria

Matem o número 17. Ele sabe demais.

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