7 de set. de 2012

Pode ser

Há 190 anos atrás nascia meu improvável país.

Improvável já em seu estágio embrionário. Reza a lenda que só fomos encontrados graças a um desvio acidental de percurso. Mesmo que a historiografia moderna refute nosso mito original com fatos, eu peço licença aos historiadores para rejeitar suas descobertas.

Conforme prosseguíamos, os acidentes continuavam aí. Nos empurrando para cima e para baixo, para o interior, para além do Tratado de Tordesilhas.

Até que de um enorme acidente culminou nossa independência. Uma guerra em outro continente fez com que a colônia virasse reino, depois colônia de novo. Finalmente, veio o mais famoso brado da História e, com ele, éramos um Império.

Improvavelmente, continuamos unidos. Apesar de todos os movimentos separatistas, que tiveram longa duração. Aliás, sentimentos separatistas subsistem até hoje. Mas nós continuamos aqui, firmes e fortes.

A Abolição e a República foram dois acidentes friamente calculados. E com o advento das teorias eugenistas, a Europa, e parte da nossa elite, gritavam aos quatro ventos que um país com tantos negros, índios e brancos vivendo juntos resultaria na degradação das três raças. Não naufragamos ainda, mas a verdade é que só agora estamos começando a esquecer os preconceitos, mesmo que durante anos nós tenhamos acreditado que éramos especiais e, de alguma forma, imunes ao racismo.

Aliás, hoje nossa nação vive um momento muito interessante de transição. Cada vez mais o improviso saí de cena e o planejamento começa a surgir, num movimento que, ironicamente, não foi programado por ninguém.

Se dará certo ou não, ninguém pode dizer. Mas é melhor não duvidar.

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