2 de set. de 2012

O homem por trás do bigode

Estava aqui pensando. Se eu tivesse uma chance de perguntar uma coisa (não sei como, talvez por intervenção mediúnica ou viagem temporal) a Salvador Dalí eu provavelmente perguntaria como ele faz para manter o bigode dele daquele jeito.

Ok ok, eu admito que não é a pergunta mais inteligente do mundo, muito menos a prioridade da maioria das pessoas. Aliás, imagino que a imensa maioria das pessoas que lêem meus textos perguntariam algo relacionado às suas pinturas. Afinal, parece ser um desperdício chamar um médium (e um intérprete, caso você não fale espanhol) para perguntar sobre algo aparentemente tão imbecil quanto um bigode. 

Mas Salvador Dalí tinha cara de quem gostava de discutir bigodes.

Apenas ser um gênio não é o suficiente

Aliás, não duvido nada que ele tivesse um orgulho maior de seu bigode do que de seus quadros. O bigode de Salvador Dalí é a sua mais genuína expressão de surrealismo. E estampada bem na sua cara.

Afinal, um bigode nada mais é do que a materialização facial do caráter de um homem. A gente vê na cara do Sarney, por exemplo, que ele é um Sarney. E isso é ótimo. Não o fato dele ser um Sarney, não desejo isso para ninguém (três discretas batidas na madeira). Mas sim o fato de a gente, de longe, saber com o que está lidando. Como aquelas rãs venenosas amazônicas com cores brilhantes, justamente para lembrar ao mundo do seu veneno. Ou uma cobra coral. Exceto que as cobras corais não desviam dinheiro público. E não existe antídoto para mordida de Sarney.

Enfim, acho que estamos desvirtuando demais o texto. Esqueçamos, até o próximo escândalo, o bigode do Sarney. Digo próximo escândalo porque, invariavelmente, o bigode mais famoso do Brasil vai estar envolvido nele.

Eu poderia passar horas e horas aqui discorrendo sobre como é impossível governar sem o Sarney e o PMDB hoje em dia, sobre como as casas de apostas não aceitam mais que se aposte nele para "envolvido com corrupção" ou sobre como o tempo anda meio louco ultimamente né? Tava um sol outro dia e hoje essa chuva mas não nesse post! Porque esse post foi feito com um propósito maior! Um propósito digno! Algo que engrandecesse a humanidade. Este post foi feito para elogiar o bigode de Salvador Dalí!

O homem que, antes de ser um pintor genial, foi um ás do marketing. 

Dalí liderou uma escola que virou de cabeça para baixo a História da Arte. Pintou quadros brilhantes, com tigres voadores, relógios derretendo e todo tipo de situações insólitas. Conseguiu a honra suprema de ter um gênero de bigode batizado em sua homenagem. Mas, ainda que fosse um pintor medíocre, ainda hoje alguém teria ouvido falar dele, pois ele soube se auto-promover como ninguém. 

Tudo nele deixava transparecer sua excentricidade. Dalí foi um monumento ao Surrealismo. Não que surrealistas gostem de monumentos, de qualquer maneira.

Ao final de meu pequeno monólogo, Dalí provavelmente me diria: "Perdon, joven, no hablo su lengua"e desaparecido numa nuvem de vapor.

Mas quem liga? Eu falei com Salvador Dalí.

Nenhum comentário:

Postar um comentário