Não, eu não estava fazendo nenhum exame médico para verificar se eu estava com tuberculose. Nem estava bebendo meio copo de uísque sentado sozinho numa mesa isolada num barzinho à meia luz. E eu também não tentei me matar (eu lá sei que tipo de escritor o amigo leitor costuma frequentar).
Eu estava relendo meus textos antigos. Muito divertido hein você deve estar pensando. Se é isso que os escritores fazem no tempo livre, o que será que eles fazem quando estão trabalhando. Porrannn.
Mas não é. Mais que excesso de tempo livre, reler seus textos é um exercício. De paciência principalmente, uma vez que você já sabe o final de todos eles.
Mas também se aprende. É claro que o quanto se aprende depende do escritor e do seu senso
É uma experiência única poder reler seus textos. Recomendo à todos que escrevem que o façam, e aos que não escrevem, que comecem a escrever agora para, daqui a um ano, poderem reler o que começaram a escrever.
Reler os textos escritos é testemunhar o seu crescimento e amadurecimento. Cada vez que eu vejo um texto meu escrito ano passado eu penso: que merda, não acredito que eu achava isso bom. É palpável a minha insegurança, por exemplo, ao navegar e tentar fazer malabarismos com as palavras.
Aliás, se antes eu não entendia o que queriam dizer com: seus textos precisam de mais segurança, agora eu entendo e acho que segurança fica até um pouco vago para defini-lo. Me parece, hoje em dia, que o que me faltava naquela época eram a familiaridade, a malícia e a experiência que só se ganha com o tempo.
Você pode argumentar, caro leitor, que me faltava qualidade literária. Mas isso falta até hoje. E não aparece nem com reza braba.
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