11 de set. de 2012


Eu nunca consegui entender esses arquitetos. Quem projeta um prédio com o vão das escadas dando no saguão? É tão feio.

Mas daqui de cima eu consigo ver todas as pessoas.

Elas estão ocupadas.

Cada uma vivendo sua vida. Em silêncio. Sozinhas. Pouco importa quem está ao meu lado (existe alguém ao meu lado?).

Uma vez inventaram o próximo. Foi uma péssima ideia.

E lá embaixo as pessoas seguem indiferentes. Ninguém ri, ninguém chora, ninguém liga. E, acima de tudo, ninguém grita.

Ninguém, absolutamente ninguém, jamais gritou dentro deste prédio. Estamos entretidos demais com a burocracia para isso.

Chega de tudo aquilo que é primitivo e essencial. Vamos por um terno.

A vertigem não é um medo de cair simplesmente. É mais do que isso. Vertigem é uma vontade tão grande de cair que a vontade que dá é de se jogar logo. E é isso que dá medo. O que aconteceria se eu me jogasse?

Um grito corta o prédio.

No chão, um corpo. Giz. Sangue.

Um bilhete. Suas últimas palavras.

“Desculpem pela bagunça”

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