1 de set. de 2012

Foi seu primeiro assalto?

De todas as perguntas que me fizeram até agora, essa foi a que mais me impressionou.

Aliás, antes de prosseguir, preciso esclarecer um ponto: eu fui assaltado um dia desses. Ainda nessa semana. Por isso que as pessoas continuam pedindo detalhes e perguntando se eu estou bem. Eu achei legal explicar isso porque do jeito que eu escrevi alguém podia achar que eu andei por aí assaltando.

Enfim, antecipando-me as perguntas mais comuns, eu não fui agredido, eu estou bem, eu fui cercado por um bando durante o dia, levaram meu celular, mas eu bloquei o chip e recuperei o número, apesar de ter perdido todos os meus contatos e não, eu não conseguiria re-escrever esse parágrafo com menos vírgulas.

Voltando à pergunta. Eu a achei tremendamente impactante porque ela mostra uma realidade que, por vezes, nos esforçamos para esconder: assaltos fazem parte do nosso cotidiano.

Se você mora no Rio, provavelmente já ouviu alguém dizer que "Quem mora no Rio e diz que nunca foi assaltado, não mora no Rio/ é poser" ou algo que o valha. Essa frase nunca fez tanto sentido como no momento em que me fizeram essa pergunta.

Claro, eu sei que foi com boa intenção. Ou pelo menos foi bem parecido com isso. Mas a pergunta foi seu primeiro assalto deixa solto no ar um fiapo de frase. Um complemento do tipo: seu primeiro de muitos, cuidado com o próximo ou te desafio a quebrar meu recorde de 17 assaltos na mesma semana.

O fato é que o carioca, assim como  habitantes de outras cidades exageradamente grandes, se habituou aos assaltos. Ele sabe como deve proceder, anda sempre atento, evita lugares estranhos a noite, não guarda todo seu dinheiro apenas na carteira e sabe que, se for necessário, tem que torcer para o ladrão ser "gente fina" e deixar um trocado por ônibus ou não levar a mochila com seus livros e cadernos.

Esse consentimento tácito é o sinal mais claro de que os assaltos e a violência passaram a fazer parte da vida do Rio de Janeiro.

Talvez esse texto pareça um pouco atrasado com essas UPP's, mas é importante lembrar que apenas levar a polícia sem uma inserção profunda do Estado em pouco ou nada mudará essa realidade.

Mas isso é assunto para outro dia.

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